Falecimento Dr. Luís Celestino Silva

Com grande pesar e tristeza informa-se que faleceu na manhã de 14 de Fevereiro pp, vítima de pneumonia, o colega Dr. Luís Celestino Silva.Luís Celestino de Sousa e Silva, ou o “Dr. Celestino” como era respeitosamente chamado pelos colegas mais novos do Instituto de Investigação Científica Tropical, nasceu em Vila Real em 1936 e formou-se em Ciências Geológicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto em 1960.Começou a trabalhar como investigador do Laboratório de Estudos Petrológicos e Paleontológicos do Ultramar (LEPPU) da Junta de Investigações do Ultramar (JIU) em 1961 e aposentou-se em 1998 como Investigador Coordenador do Centro de Geologia do Instituto Investigação Científica Tropical (IICT). Foi também, entre 1967 e 1975, assistente no Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa onde colaborou na docência das aulas práticas de mineralogia e petrologia. Após a aposentação manteve colaboração assídua com os colegas do Departamento de Geologia e do LNEG. A sua paixão pela geologia e curiosidade pelos trabalhos que se foram desenvolvendo em Cabo Verde nunca esmoreceu.No decurso da sua carreira de geólogo efectuou numerosas campanhas nas antigas províncias ultramarinas de Moçambique, Angola e Cabo Verde, continuando a trabalhar sobre os temas da geologia caboverdeana após a independência daquele país.Participou na Missão de Fomento e Povoamento do Zambeze (Tete, Moçambique) integrando a Brigada de Geologia e Prospecção Mineira, nas campanhas de 1962 e de 1963-64. Nos dois anos seguintes participou na Missão de Cartografia Geológica de Angola (1965-66). Posteriormente integrou a Missão Geológica de Cabo-Verde (1965-1975), onde trabalhou entre outros com os Professores António Serralheiro, Carlos Matos Alves e com o Dr. João Macedo. Os trabalhos em Cabo-Verde foram interrompidos entre 1975-1979 por reestruturação dos serviços, e posteriormente retomados em 1980. Luís Celestino nunca desistiu de editar as cartas geológicas das Ilha da Boavista e de Santo Antão que não chegaram a ser publicadas por falta de financiamento, objectivo que se mantém, através de colegas próximos.O seu trabalho ao longo de mais de quatro décadas foi objecto de numerosas publicações, de entre as quais se destaca as cartas geológicas das ilhas de Cabo Verde e um artigo na Nature sobre os carbonatitos extrusivos da ilha de Santiago (Silva, L.C., Le Bas, M.J., Robertson, A.H.F., 1981 – An oceanic carbonatite volcano on Santiago, Cape Verde Islands. Nature, 294, Nº 5842, 644-645). Já aposentado continuou a dedicar-se ao estudo dos carbonatitos nas ilhas de Cabo Verde, tendo desempenhado, na FCUL, um papel importante na orientação da Tese de Doutoramento de Cyntia Mourão que em parte versava a petrogénese desse tipo de rochas.Consagrou muito desse seu tempo de aposentação a coligir temas de investigação que tinha em curso, e que podem assim ter continuidade.O Dr. Celestino era não só um petrólogo excepcional e um geólogo de campo incansável, como, e acima de tudo, uma pessoa encantadora pela sua delicadeza de trato. Os colegas do Departamento de Geologia e os ex-colegas do IICT sentirão certamente a falta da sua presença assídua e das interessantes e interessadas conversas sobre a geologia de Cabo Verde.Texto por: José Madeira, Paulo Hagendorn Alves, Rita Caldeira, João Mata, Cyntia Mourão e Ricardo Ramalho

Legenda: Luís Celestino Silva em 2012, no seu gabinete no Departamento de Geologia da FCUL em frente ao esboço da Carta Geológica de Santo Antão (foto: IICT em http://actd.iict.pt/view/actd:MOLCSS)

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