A precipitação sobre a Península Ibérica e o Sudoeste da Europa não apresenta variações significativas nos últimos 150 anos

Um grupo de investigadores de diferentes países da Europa liderados pelo Instituto Pirenaico de Ecologia (IPE-CISC) e contando com a participação do Prof Ricardo Trigo (IDL, DEGGE) concluiu que, ao contrário do que é frequentemente assumido, a precipitação registada na região sudoeste da Europa, incluindo a Península Ibérica, não apresenta tendências significativas de longo termo.Para a realização do estudo foram analisados ​​dados provenientes de diferentes fontes, incluindo observações de estações sujeitas a rigoroso controle de qualidade bem como resultados de modelos climáticos incluídos nas avaliações do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas).Graças a este esforço sem precedentes de coletar dados de grande qualidade e resolução espacial, os autores puderam avaliar a tendência de precipitação registada em Espanha, Portugal, Itália e sul da França desde 1850.Ao contrário de estudos anteriores, os resultados mostram que não há tendências de longo prazo que possam ser consideradas estatisticamente significativas. Todas as fontes analisadas são consistentes entre si, o que reforça a validade das conclusões. Portanto, não é possível concluir que ocorreu uma diminuição significativa na precipitação na região.As tendências decrescentes registadas em estudos anteriores são atribuíveis em grande medida ao curto período de dados usado e à elevada variabilidade da precipitação que ocorre na região, nas escalas interanual e decadal, caracterizada pela alternância de secas e períodos de alta precipitação.Os resultados deste trabalho permitem aperfeiçoar a interpretação da evolução nas décadas mais recentes da frequência dos fenômenos extremos hídricos na região sudoeste da Europa. Em particular, o aumento da aridez e a maior intensidade de secas nas últimas quatro décadas estariam mais relacionados com o aumento das temperaturas e da evapotranspiração (associadas ao aquecimento global de origem antropogénica) do que a uma diminuição na quantidade de precipitação registada.O trabalho foi publicado na revista Environmental Research Letters.https://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/ab9c4f Este trabalho foi financiado pelo projeto Europeu INDECIS no âmbito da ERA-NET (ERA4CS)

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